Um contingente de 40 trabalhadores, formado por pedreiros, carpinteiros, pintores, azulejistas, muitos deles residentes há mais de 3 mil quilômetros de Campo Grande, está em ritmo acelerado para entregar até o final do ano as últimas 98 casas em construção no  Residencial  José Teruel, destinadas ao grupo de famílias remanescentes da ocupação Cidade de Deus.

Após 8 anos de espera, essas pessoas vão trocar os barracos por casas de alvenaria, com todo o acabamento. No mês passado foram entregues as primeiras nove unidades e neste mês serão entregues mais 18 casas.

Mestre de obras da empresa contratada para terminar as casas (que tiveram a construção interrompida em 2015), Janio Capistanio da Silva é de Manaus, está há dois meses em Campo  Grande. As condições climáticas da Capital, na opinião de Jânio, vão garantir até a antecipação do cronograma de obras.“Aqui o tempo é bom, são vários dias consecutivos de estiagem. Em Manaus, nesta época do ano, chove praticamente todo dia”.  Segundo ele, as estruturas das casas que apresentavam rachaduras e foram avaliadas pelos engenheiros com risco de ruir forram demolidas e reconstruídas.

Entre os moradores, que assistem dos barracos erguidos no fundo dos lotes o andamento das obras, a ansiedade aumenta na proporção do avanço dos trabalhos. Quem experimenta esta situação é Jéssica Arce da Silva, 27 anos, que se mudou para a ocupação quando ainda era uma adolescente. Ela mora no último lote da antiga ocupação, no final das ruas Josefina Daniel Pupin e Lepoldina de Queiroz. Pelo local desce a enxurrada da parte alta do Teruel que inúmeras vezes alagou seu barraco. Sua casa, que está quase pronta, inclusive com forro, faltando apenas receber a pintura, tem escada e uma rampa nas laterais para evitar futuros alagamentos. “Uma vez acordamos e a água estava na altura do meu joelho. Foi assustador, tiramos as crianças correndo, a comida, o que deu para salvar”, relata ela que mora há 10 anos na comunidade.

Caprichosa, Jessica apresenta a casa e já sonha com o dia da mudança. “O barraco não aguenta mais e nem nós. Quando chove é ruim, quando tem poeira também. Não vejo à hora de entrar, de mudar e poder cuidar da nossa nova casa”. Na residência vão morar ela, o marido que trabalha na Solurb e as duas filhas.

Estruturas

As casas têm 46,07 m² de área construída, são forradas e pintadas. Contam com sala, dois quartos, banheiro e cozinha. O investimento total das 98 unidades é de R$ 5,7 milhões.

Para o pedreiro André Luis, que além de ganhar a casa no José Teruel ainda conseguiu um emprego, a comemoração é em dobro. “Eu fazia bico de pedreiro junto com a coleta de reciclagem, quando a empresa chegou para construir minha casa e ainda me contratou. Agora só faltam as janelas e finalizar a pintura”, contou ele, que vai morar na unidade com os filhos.

Histórico

Das 328 famílias que ocupavam barracos na antiga comunidade Cidade de Deus, 202 já estão em suas moradias. Sendo 42 famílias do Vespasiano Martins, que foram realocadas para o Loteamento Parque dos Sabiás, entregue em julho de 2021. E mais 136 casas no Bom Retiro concluídas em agosto de 2021 no programa Ação Casa Pronta, que foi premiado nacionalmente e integrante do banco de boas práticas das ODS – Agenda 2030 da ONU. Para a finalização do programa habitacional, a Prefeitura de Campo Grande conta com a parceria da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab).