1º Seminário de hepatites virais de MS discute a importância do diagnóstico precoce no tratamento da doença
O dia 28 de julho é lembrado mundialmente como o Dia D pela Luta Contra as Hepatites Virais (Dia D). E, para fomentar a discussão sobre o tema, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por meio da Gerência Técnica das Hepatites, e com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso do Sul (SES), está realizando o 1º Seminário Sul-Mato-Grossense de Hepatites Virais, com o objetivo de divulgar para a população em geral e profissionais de saúde a importância da prevenção e diagnóstico precoce das Hepatites B e C para o início do tratamento oportuno. O evento acontece nesta tarde, no auditório do LAC, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
O secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, destaca que o diagnóstico precoce das hepatites virais é um dos pilares fundamentais para o controle efetivo dessas infecções e a preservação da saúde pública.
“Promover discussões e capacitação dos profissionais de saúde é essencial para sensibilizá-los sobre a importância do diagnóstico precoce e a implementação de estratégias de triagem adequadas. A detecção oportuna das hepatites virais possibilita intervenções médicas e terapêuticas precoces, evitando a progressão da doença para quadros mais graves, como cirrose hepática e câncer de fígado”, complementa.
Conforme o secretário, o diagnóstico precoce também contribui para a interrupção da cadeia de transmissão dos vírus das hepatites, uma vez que indivíduos diagnosticados positivamente podem ser orientados a adotar medidas preventivas para evitar a contaminação de outras pessoas, como o uso de preservativos, evitar o compartilhamento de objetos cortantes e incentivar a vacinação em casos de hepatites virais preveníveis, como a Hepatite B.
“A sensibilização dos profissionais de saúde para a importância do diagnóstico precoce pode ser alcançada por meio de capacitações, palestras e programas de educação continuada. Além disso, é essencial o desenvolvimento de diretrizes e protocolos clínicos para a realização sistemática de testes de triagem, principalmente em grupos de risco, como usuários de drogas injetáveis, pessoas que realizam tatuagens e piercings, profissionais de saúde, gestantes e populações vulneráveis”, complementa.
Estima-se que no período de 2000 a 2022, no Brasil foram 264.640 pessoas diagnosticadas com o vírus da hepatite B e 279.872 pessoas com o vírus da hepatite C. Essas infecções são as principais causas de doença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. A carga de doenças resultante das hepatites virais e o próprio agravo por si representam um desafio de saúde pública para o SUS.
Campo Grande tem em uma série histórica de 2018 à 2022, um total de 579 casos de hepatites virais no (SINAN), dessas, 399 pessoas estão cadastrada no sistema de acompanhamento (SICLOM) em tratamento nas unidades de referência – Esterina Corsini e Cedip. São 213 pessoas notificadas com hepatite B e 186 pessoas com hepatite C. Vale lembrar que para a hepatite B existe disponível a vacina como prevenção nas unidades de saúde e o tratamento para Hepatite C está disponível pelo SUS gratuitamente.
Os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU) incluem “acabar com epidemias de doenças negligenciadas, entre elas, combater as hepatites virais”. Considerando os diferentes modos de transmissão das hepatites virais e os principais grupos afetados, reduzir as infecções e a morbimortalidade por esses agravos requer uma forte abordagem multidisciplinar, alinhada com a estrutura de cobertura universal de saúde que sustenta o SUS.
Nesse contexto, o Serviço de Infecções Sexualmente Transmissíveis, por meio da GT das Hepatites está comprometido com a implementação das ações de prevenção e tratamento, visando reduzir os índices de prevalência das hepatites virais até 2037, como problema de saúde pública e aumentar os esforços para combater as infecções pelos vírus B e C.
Em junho de 2020, foi publicada a Portaria GM/MS nº 1.537, que alterou a Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre o Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais, e a Portaria de Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017, para incluir os medicamentos do Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais no Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica.
A portaria tem a finalidade de simplificar o acesso aos tratamentos para as hepatites B, C e D, bem como permitir que pessoas diagnosticadas com hepatites virais tenham seguimento e tratamento prescrito no âmbito da Atenção Primária a Saúde (APS), de acordo com as orientações estabelecidas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde. Atualmente, o rastreio, o diagnóstico e o tratamento de casos de hepatite C sem cirrose são passíveis de atendimento pela APS.
A pessoa contaminada, sem saber que contraiu a doença, pode ser assintomática e evoluir como portador crônico. Este quadro assintomático permanece por muitos anos enquanto a pessoa transmite o vírus para familiares, e pessoas do seu convívio, até que o fígado se torne seriamente comprometido, podendo ser tarde para o controle da doença, por isso, enfatizamos a importância de ações que reforcem a necessidade das pessoas buscarem o diagnóstico e a prevenção.
A transmissão das hepatites B e C pode ocorrer pelo compartilhamento de objetos contaminados como lâminas de barbear e de depilar, escova de dentes, alicates de unhas, instrumentos para uso de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas. Também pode ocorrer pelo uso de materiais não esterilizados para colocação de piercing e realização de tatuagens e por meio de acidentes com exposição a material biológico e procedimentos cirúrgicos, odontológicos e de hemodiálises, em que não se aplicam as normas adequadas de biossegurança.