A paisagem de Campo Grande tem se transformado nos últimos dois anos. É raro passar por algum bairro, fora da região central, e não avistar uma horta urbana. Os números confirmam. Se em abril de 2022 havia 126 hortas urbanas, hoje são 263 divididas entre hortas com fins comerciais (188) e fins sociais (75).

Implementadas com apoio da Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), a iniciativa vem ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, ao promover a erradicação da pobreza e garantir alimento seguro e saudável na mesa de milhares de famílias, além de geração de renda com uma produção responsável e sustentável.

Anturi Matos de Oliveira iniciou a horta no Bairro Jardim Centenário há 3 meses. Os dois hectares de terra que estavam parados agora abrigam 93 canteiros com alface, coentro, berinjela, rúcula, couve, quiabo, repolho, tomate cereja e muito mais. “Eu procurei a Sidagro e recebi todo o apoio para começar. Todos os canteiros foram abertos com maquinário da Prefeitura, também ganhei 500 quilos de adubos para fertilizar a terra e 18 bandejas de salsinha, alface e almeirão”, conta.

Restaurantes, lanchonetes e os próprios moradores da região são os principais clientes. “Eu vendo aqui mesmo. A pessoa chega falando o que quer, a gente colhe na hora e cliente já leva. Eu atendo tanto quem mora aqui pertinho e vem comprar um pé de alface, um de rúcula, como restaurantes que vem diariamente levar a verdura do dia a dia”, explica.

Já a horta retomada no Asilo São João há um mês é para complementar a alimentação dos 90 idosos e trabalhadores, além de servir como ferramenta de terapia ocupacional. As hortas têm a função de trabalhar a TO (terapia ocupacional) com os idosos, complementar a alimentação e quando houver excedente, também dá para gerar renda para o asilo, explica o presidente do Asilo São João Bosco, Gercino José dos Anjos.

No local foram abertos, inicialmente, 18 canteiros com alface, rúcula, almeirão, rabanetes, beterraba e pimenta cumbuci. Nas covas foram plantadas abóbora paulista e brasileira, além da mandioca, que é a preferência dos sul-mato-grossenses.

O secretário municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio, Ademar Silva Júnior, pontua que o aumento das hortas potencializa a produção de alimentos frescos e saudáveis e reduz a dependência de alimentos importados de outros estados. “É preciso cada vez mais incentivar práticas agrícolas mais sustentáveis, fazendo que a economia local circule melhor. Este trabalho de fomento à agricultura familiar foi intensificado nos últimos anos e o resultado está aí: o dobro de hortas urbanas em dois anos”, frisa.

A Sidagro, através do programa Agricultura Forte e Sustentável, atua na orientação, cessão de máquinas agrícolas, doação de mudas e adubos para que o pequeno produtor possa produzir com mais qualidade e seja mais competitivo. Somente no ano de 2023, a Sidagro entregou mais de 93 mil mudas de hortaliças e verduras e 600 toneladas de adubo orgânico para beneficiar a produção da agricultura familiar.