Seminário destaca importância da união para valorizar a cultura indígena
A parceria entre entidades, poder público e lideranças é, segundo a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes, primordial para a valorização da cultura indígena no ambiente escolar. A secretária, que no sábado (3) participou do 1º Seminário de Educação Escolar Indígena de Campo Grande, afirmou que a união dos vários segmentos da sociedade é necessária para discutir os anseios da educação indígena, buscando atender as necessidades dessas crianças.
“Encontros desse tipo são necessários para debater o resgate cultural e aprimorar as políticas educacionais voltadas para as comunidades indígenas”, ressaltou.
O subsecretário de Defesa dos Direitos Humanos do município, Ademar Vieira, disse que é preciso ouvir os povos indígenas com freqüência para entender seus anseios.
“Temos que discutir a fundo essa questão, saber o que eles desejam para o futuro dos seus filhos, por isso criamos um senso localizado, onde ouvimos as comunidades urbanizadas. Esse trabalho vai dar um norte para todas as políticas públicas localizadas”, afirmou.
O seminário teve como objetivo discutir as conquistas e desafios da Educação Escolar Indígena a partir da publicação e pactuação do Território Etnoeducacional Povos do Pantanal no que se refere à gestão e financiamento do processo de escolarização dos Povos Indígenas na Educação Básica e na Educação Superior para atender a demanda dos indígenas de Campo Grande.
O município de Campo Grande possui 11 comunidades indígenas, formadas por várias etnias oriundas de vários municípios do estado, totalizando cerca de 5.673 pessoas, segundo dados do IBGE/2010.
A Reme (Rede Municipal de Ensino) conta com 95 escolas, organizadas e distribuídas em área urbana e rural. De acordo com dados da Cnetral de Matrículas de 2017, estão matriculadas um total de 505 crianças indígenas nessas unidades, sendo 329 alunos de 1º ao 5º ano, 162 alunos de 6º ao 9º ano e 14 alunos na EJA (Educação para Jovens e Adultos).
A escola “Sulivan Silvestre de Oliveira – Tumoné Kalivono”, localizada na aldeia urbana “Marçal de Souza”, possui desde 2011, no Projeto Político Pedagógico da escola, os componentes curriculares de Arte Cultura Terena e Língua Materna Terena visando atender a demanda e especificidade dos alunos indígenas da aldeia.
Em 2017, dos 355 alunos matriculados na unidade, 70 declararam-se indígenas, da etnia Terena, o que soma média de 19,71% do total de alunos. A Reme ainda conta com outras três escolas que apresentam grande concentração de alunos indígenas. São elas: “Professora Ione Catarina Gianotti Igydio, que dos 1.437 alunos, 110 declararam-se indígenas; “João Cândido de Souza”, que conta com 145 alunos declarados indígenas, de um total de 973 e escola “Senador Rachid Saldanha Derzi”, que dos 1.283 alunos, 25 declararam-se indígenas ano passado.
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos em Defesa dos Povos Indígenas de Campos Grande, Élcio da Silva Junior disse que as lideranças também querem discutir a inserção dos componentes curriculares voltados para a comunidade indígena também em escolas localizadas fora de áreas indígenas.
“A escola é a extensão de sua casa, por isso lá também é um espaço para nossas crianças aprenderem sua língua materna”, destacou.
De acordo com a chefe da Divisão de Educação e Diversidade da Semed, Anny Michelly, a escolarização homogeneizante fere os aspectos culturais e identitários dos povos indígenas, por isso é preciso debater a questão em eventos frequentes.
Ela explica que este mês irá discutir com a secretária Elza Fernandes, dois projetos para atender os estudantes indígenas nas unidades da Reme. O objetivo é oferecer reforço para os alunos indígenas na alfabetização em língua portuguesa.
Participaram do evento professores indígenas, comunidade e ideranças das aldeias urbanas do município.
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