Com foco na valorização das culturas afro e indígena, exposição resgata brinquedos tradicionais
Em tempos de jogos eletrônicos, apresentar às crianças um brinquedo que era sucesso há, por exemplo, 40 anos, pode parecer fora de contexto. No entanto, essa foi a ideia de técnicos da Divisão de Educação Especial da Rede Municipal de Ensino, que, para marcar a Semana da Criança, organizaram uma exposição do Projeto Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais, lançada na tarde desta segunda-feira, no shopping Bosque dos Ipês e que contou com a presença da secretária municipal de Educação, Elza Fernandes e da secretária-adjunta, Soraia Campos.
Além de resgatar esses brinquedos e brincadeiras tradicionais, a proposta da exposição é dar a eles uma roupagem da inclusão, com isso, os cerca de 100 objetos infantis expostos ganharam uma adaptação visual que valoriza as culturas afro e indígena.
Um exemplo é um dos jogos mais antigos e que até hoje atrai as crianças: a amarelinha, que na versão mostrada na exposição, conta com desenhos alusivos a cultura africana. O mesmo aconteceu com os sacos de estopa, utilizados pelas crianças nas tradicionais gincanas escolares, em corridas. Todos receberam pinturas de etnias indígenas.
Também destacando a cultura indígena, o Jogo da Onça é outro elemento presente na mostra. Jogado em duplas e no chão, com o tabuleiro traçado na areia e usando pedras como peças, o objetivo do jogo é desenvolver o raciocínio lógico.
“Esse evento é fundamental para mostrar às crianças a evolução das brincadeiras, mas tão importante quanto esse resgate é valorizar a interação, pois em um mundo informatizado, é difícil mostrar à elas a importância desses brinquedos, que estimulam o convívio coletivo”, destacou a secretária.
Raciocínio e coordenação
Na opinião do superintendente de Gestão das Políticas de Educação da Semed, Waldir Leonel, o fato de os próprios Ceinfs produzirem os brinquedos foi importante para despertar o interesse dos alunos. “Muitas vezes as crianças fazem atividades apenas no computador, mas ocorre que esses jogos eletrônicos nem sempre trabalham o raciocínio. Além disso, não contribuem com o desenvolvimento do equilíbrio e lateralidade, o que só ocorre em atividades físicas”, pontuou.
O professor Itamar Jorge Pereira, da etnia Terena, disse que ficou muito satisfeito com o resultado do trabalho apresentado pelos Ceinfs. “Através desses brinquedos valorizamos nossa cultura. Tem indígena que desconhece esse material, por isso estamos resgatando as danças típicas e jogos. Também confeccionamos brinquedos como a peteca, utilizando a palha de milho, como é a original”, afirmou.
Outra característica que chama a atenção nos brinquedos expostos, é que eles foram produzidos por crianças de diversas faixas etárias. Até os bebês das turmas de berçário participaram do processo. Foi o que aconteceu no Ceinf Santa Emília, onde estudam 256 crianças. A professora do berçário, Sueli Maciel de Souza, decidiu produzir um tambor indígena. Utilizando tubos de PVC, ela montou a estrutura e os pequenos capricharam na pintura.
“O bom desse projeto é que desde cedo eles já fazem esse resgate das culturas, sem contar que estimula a socialização e coordenação motora. Mesmo sendo bebês, eles adoraram participar e brincar com uma peça que eles contribuíram com a produção”, destacou a professora.
A exposição poderá ser visitada até o dia 15 de outubro, no horário de funcionamento dos shopping Bosque dos Ipês, das 10 às 22 horas.